Áreas protegidas
O modelo de conservação baseado em “parques sem pessoas” se originou nos Estados Unidos do século XIX, expandiu-se para outros países, e deu origem a uma indústria elitista de preservação, dominada por grandes ONGs. Tornou-se outra grande ameaça à sobrevivência física e cultural das comunidades que dependem da floresta, seus saberes e suas práticas tradicionais de conservação.
A aprovação de uma estrada a ser construída dentro da primeira Concessão para Restauração de Ecossistemas na Indonésia evidência as contradições. (Disponível em indonésio).
Com a crise da Covid-19, as iniciativas de movimentos e coletivos, baseadas na economia feminista, têm ganhado força. A economia feminista nos leva a refletir sobre a atualização de mecanismos de controle, sem deixar de afirmar a capacidade de resistência e reconstrução dos corpos em movimento.
Verbas oriundas do esquema de Florestamento Compensatório do governo Indiano vêm sendo alocadas a medidas de alívio aos impactos da Covid-19. O esquema financiou plantações de árvores que invadem terras comunitárias e causou despejos ilegais em lugares que foram declaradas “Áreas Protegidas”. O processo não foi interrompido durante o confinamento.
A crise ambiental, climática e social é uma realidade vivida por muitas pessoas, há muito tempo. Porém, em vez de reconhecer sua contribuição a essa crise, empresas e seus aliados usam a pandemia para ampliar seus esforços pela expansão das Áreas Protegidas.
O plano da indústria de conservação para dobrar o tamanho das Áreas Protegidas (APs) seria a solução para a perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e, agora, até para a COVID-19! Mas as APs não resolvam nada disso.
Quando a região de Chure foi declarada Área Protegida, os direitos de milhares de Grupos Comunitários que dependem da Floresta foram comprometidos. Esses grupos continuam resistindo, apesar da violência geral e do projeto do Fundo Verde para o Clima.
Ribeirinhos batwa, exasperados pela pobreza extrema que resultou de seu despejo para estabelecer o Parque Nacional de Kahuzi Biega, decidiu voltar às suas florestas ancestrais. Desde então, enfrentam regularmente os “ecoguardas”.
Em 2004, as ONGs de conservação e o Ministério das Florestas foram pioneiros em um modelo chamado Concessões para Restauração de Ecossistemas. Este artigo analisa mais de perto esse modelo no contexto de novas e antigas ameaças às florestas. (Disponível em indonésio).
Uma tática fundamental para o gigante de celulose que continue expandindo suas plantações de eucalipto no Brasil, é se vender como uma empresa que pratica “conservação” e “restauração”, ocultando seu histórico desastroso de impactos sobre florestas e populações.
Os indígenas ngäbe-buglés tiveram que suportar repressão brutal para enfrentar o ataque a seus territórios. Eles conseguiram que o governo do Panamá proibisse a mineração em sua região, bem como as usinas hidrelétricas. Mas outro ataque forte veio de ONGs conservacionistas.
Este editorial pretende fazer um alerta em relação às agendas empresariais que dominam os processos internacionais relacionados às florestas, e que parecem estar entrando em novas fases. As decisões têm impactos muito concretos para as comunidades florestais.
Este artigo destaca alguns desses conceitos, relacionados a florestas, que costumam ser apresentados como algo positivo, mas, na realidade, sirvam a interesses econômicos que as prejudicam e, portanto, prejudicam as comunidades que dependem das florestas.