No mundo atual, existem muitos milhões de pessoas cujo nível de consumo não chega a cobrir suas necessidades básicas. Usando uma linguagem simples, trata-se de milhões de pessoas- a maioria crianças- que sofrem fome e miséria. Em contrapartida, outros milhões de pessoas- embora bem menos que os anteriores- consomem demais, sem que isso signifique que suas necessidades básicas- como seres humanos- estejam assim cobertas.
Boletim Nro 109 - Agosto 2006
NOSSO PONTO DE VISTA
COMUNIDADES E FLORESTAS
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1 Agosto 2006Na Papua- Nova Guiné (PNG), as crônicas econômica, política e social têm sido moldadas pelas florestas tropicais. Ao cobrirem 60 por cento da massa terrestre da PNG e serem impenetráveis em grande parte, as florestas têm limitado o comércio, definido as leis tradicionais e traçado sua vida e cultura. Quando o mundo pensa na PNG, vê suas florestas. Atualmente, a atividade madeireira nesse incomparável sistema de vida está destruindo a sociedade e as políticas do país, acarretando insignificantes benefícios econômicos e alarmantes efeitos de fluxo na região.
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1 Agosto 2006O povo Bari, uma minoria pertencente à família Arawak, denominada “Los Hijos de la Selva” (Os Filhos da Mata) habita a Bacia do Catatumbo, no Departamento do Norte de Santander. Os Motilón Bari têm uma língua denominada Bari-ara e uma estrutura de organização política e social interna e externa própria. Sua principal autoridade é o Conselho Autônomo de Caciques, integrado por 23 caciques pertencentes às 23 comunidades do povo indígena Motilón. Sua economia está orientada ao auto-abastecimento, e portanto a defesa de seu território implica a defesa dos bens naturais que são a base de sua existência.
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1 Agosto 2006No ano 2000, o dia 26 de julho foi escolhido como o dia da defesa dos manguezais devido a seu intenso significado para o movimento na América Latina liderado pela Red Manglar (Rede Mangue). Nesse mesmo dia, em 1998, um ativista micronésio da Greenpeace, Hayhow Daniel Nanoto, morreu por ataque cardíaco quando participava de um ato de protesto maciço liderado pela FUNDECOL e a Greenpeace Internacional. Nesta ação, a comunidade local de Muisne e as ONGs desmantelaram um tanque ilegal de criação de camarões na tentativa de restituir a essa região arrasada seu estado inicial de uma floresta de mangue. Desde a morte de Hayhow, a FUNDECOL e outras comemoraram este dia como um dia para ser lembrado e renovar as ações para Salvar os Manguezais!
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1 Agosto 2006Muitos sistemas culturais estão intimamente interligados com ambientes de florestas, vivam as pessoas dentro da floresta o à margem da floresta (incluindo habitantes da cidade e pesquisadores que estudem a cultura). As culturas baseadas na floresta têm evoluído dentro do ambiente de florestas e sua sobrevivência requer que esse ambiente seja sustentado.
COMUNIDADES E MONOCULTRAS DE ÁRVORES
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1 Agosto 2006O caso da Veracel Celulose serve –como tantos outros- para revelar as falsidades do discurso empresarial sobre “sustentabilidade”. A Veracel é uma empresa moderna, propriedade em iguais porções da sueco-finlandesa Stora Enso e da norueguesa-brasileira Aracruz Celulose. A Veracel é proprietária de 164.000 hectares de terra, 78.000 dos que estão plantados com eucaliptos no estado da Bahia, onde no ano passado começou a funcionar sua gigantesca fábrica de celulose, com uma produção anual de 900.000 toneladas de celulose destinadas à exportação.
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1 Agosto 2006O povo costeiro de Mehuín está localizado na área nordeste da Província de Valdivia, nos limites das IX e X regiões e se localiza em uma pequena bacia onde desemboca o rio Lingue, rodeado de cerros da cordilheira costeira. Tem uma população de aproximadamente 1.700 pessoas, mas convive com 13 comunidades de uns 3.000 indígenas mapuches-lafkenche que descem ao povo a vender seus produtos e a abastecer-se. Existem também setores muito definidos em Mehuín, com suas próprias particularidades culturais. Um deles é o dos pescadores artesanais que habitam preferentemente um setor do povo chamado “la caleta” ao lado do rio Lingue e onde se desenvolve grande parte da vida cotidiana do povo.
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1 Agosto 2006O cerro Ñielol que está na cidade de Temuco, na IX Região do Chile, é fiel testemunha das numerosas mentiras que se escutam tanto nessa região como em muitas outras desse país e outros países com relação às florestas e as plantações. A primeira delas se refere ao fato de que se quer confundir às pessoas falando em florestas quando na realidade está falando-se em monoculturas de árvores. As empresas florestais, primeiras interessadas nessa confusão utilizam várias expressões: florestas, florestas plantadas, florestas artificiais, florestas de produção, florestas de desempenho. No entanto, a diferença entre florestas e plantações é evidente para qualquer pessoa que, depois de percorrer as monótonas culturas de pinus e eucaliptos da região chegar à floresta de Ñielol.
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1 Agosto 2006A empresa finlandesa Oy Metsä-Botnia Ab (nome comercial Botnia), fundada em 1973, é a segunda maior produtora de celulose da Europa. Tem quatro empresas subsidiárias, das quais duas estão instaladas no Uruguai: a Compañia Forestal Oriental S.A. (FOSA), para o desenvolvimento de plantações de eucalipto; e a Botnia S.A., para levar a cabo o projeto de instalação de uma fábrica de celulose de um milhão de toneladas anuais.
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1 Agosto 2006As culturas intensivas de dendezeiro e a extração dos azeites produzidos para a exportação sempre estiveram ligados à repressão. A cultura em plantações foi originariamente estabelecida pelos regimes coloniais. Depois da Segunda Guerra Mundial, foi incentivada uma rápida expansão das plantações na Ásia relacionada com a limpeza das florestas- ação usada como uma arma para combater os rebeldes malaios.
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1 Agosto 2006Durante os últimos 25 anos, o meio ambiente de Kalimantan Ocidental tem sido alterado radicalmente. Grande parte da floresta que fornecia o sustento das comunidades têm sido cortada e as terras foram destinadas para companhias que desmatam a fim de abrirem caminho para as plantações de dendezeiro. Mesmo que a floresta tradicionalmente tenha reservas para as futuras gerações (hutan cadangan) é vítima da “transformação da floresta”, já que o governo considera a terra deixada sem cultivar pelos sistemas tradicionais de lavoura como “descuidadas” ou “críticas”.
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1 Agosto 2006As plantações de dendezeiros se expandem na América do Sul: na Colômbia, no Equador e agora o no Peru, que adere ao impulso comercial. As empresas acham lucrativas oportunidades às expensas da inestimável floresta amazônica e da vida dos camponeses, os que são deslocados das terras nas que trabalham para obterem sua sustentação. No ano de 2000 o Ministério da Agricultura elaborou o Plano Nacional de Promoção do Dendezeiro 2000 – 2010. Com um enfoque de mercado, o plano procura promover “núcleos” produtivos ou “clusters” nos departamentos de San Martín e Loreto, até consolidar 50.000 hectares a serem estabelecidos na região amazônica, a que, conforme anunciava o projeto de Lei 9271 “possui vastas e ricas terras para desenvolver a indústria do dendezeiro”.
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1 Agosto 2006A acelerada destruição da floresta tropical e das terras florestais indígenas em Uganda, que abre o caminho para a produção de açúcar e dendê, segue o modelo tão familiar que tem sido visto em outras partes do mundo, especialmente no sul da Ásia. Foi amplamente informado (na mídia local) o fato de o governo liberar cinco mil hectares de terras florestais protegidas por lei à BIDCO, uma companhia produtora de dendê que se originou no sul da Ásia, em 2001. Essas florestas, nas Ilhas Ssese no Lago Vitória foram então eliminadas rapidamente.