Como podia se prever, a conferência climática em Durban não tomou nenhuma decisão significativa em termos do combate à crise climática. Talvez, em 2020, seja assinado um novo acordo vinculante. 2020? De acordo com a rede de organizações e movimentos denominada Climate Justice Now, isso constitui um ‘crime contra a humanidade'. Parece como se os governos, os maiores responsáveis pela crise climática, tivessem abandonado a ideia de considerar as pessoas que se tornaram vítimas, as que estão afetados ou altamente ameaçados pela mudança climática, especialmente as mulheres.
Nro 174 - Janeiro 2012
NOSSO PONTO DE VISTA
COMUNIDADES, FLORESTAS E PLANTAÇÕES
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30 Janeiro 2012O ano começou com fogo no Chile; as notícias nacionais e internacionais divulgaram os devastadores incêndios que afetaram várias regiões do país. Entre elas, as da Araucanía e o Bío Bío, no centro e sul do Chile. Nessas regiões, espalham-se mais de três milhões de hectares de plantações de árvores exóticas, dos quais mais de dois milhões- plantados principalmente com pinheiros e eucaliptos- pertencem às empresas florestais Arauco e Mininco, e foram afetadas pelos incêndios.
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29 Janeiro 2012O ano de 2011 foi eleito, pela ONU, o ano internacional das florestas. No horizonte da Rio +20 e das conferências do clima (África do Sul) e da biodiversidade (Índia), as florestas são tema de uma intensa campanha discursiva.
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29 Janeiro 2012Nos relatórios que apresentam os efeitos das plantações industriais de eucaliptos, pinheiros e dendezeiros sobre a vida das pessoas, os impactos negativos tais como os conflitos territoriais, o esgotamento dos recursos hídricos, a falta de oportunidades de emprego e a destruição da economia local são os mais frequentemente mencionados. Os impactos específicos em aspectos fundamentais da cultura dos povos são menos mencionados e até não mencionados, mesmo que as consequências possam ser terríveis uma vez que a cultura dos povos está fortemente ligada a sua identidade, autoestima, bem-estar e, afinal, a sua sobrevivência.
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29 Janeiro 2012Palawan, localizada entre o mar de Sulu e o mar da China Meridional, é uma das ilhas mais bonitas das Filipinas. A ilha tem 450 quilômetros de comprimento e 40 quilômetros no ponto de maior largura. Ao longo de suas esplêndidas praias- emolduradas por manguezais e pelo último remanescente de floresta perene de terras baixas- recifes de coral abrigam uma biodiversidade marinha única. Dos aproximadamente 900.000 habitantes de Palawan, cerca de 20 por cento são povos indígenas que pertencem a três grupos étnicos- Tagbanua, Palawan e Batak- cujos principais meios de vida são a agricultura de terras altas (arroz, mandioca milho, banana, coco, etc.), a caça e coleta, e a coleta comercial de produtos florestais não madeireiros (vide Boletim Nº 165).
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29 Janeiro 2012Nos días 7 e 8 de dezembro de 2011 foi realizado um encontro na cidade amazônica de Cobija, Bolívia, para analisar a condição dos direitos dos povos indígenas em isolamento e em situação de extrema vulnerabilidade da Amazônia e o Grande Chaco, e para estabelecer um plano de ações a respeito de sua defesa.
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29 Janeiro 2012Com motivo do 15º aniversario do Instituto de Estudos Ecologistas do Terceiro Mundo e em homenagem a Ricardo Carrere (que foi coordenador do WRM até dezembro de 2011) foram realizadas na cidade de Quito, Equador, as “Jornadas de Pensamento Ecologista, Ricardo Carrere” (*)
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29 Janeiro 2012Durante 11 anos- de 1991 a 2002- uma violenta Guerra civil, alimentada pela distribuição desigual de poder e de recursos dizimou Serra Leoa. Agora, o país enfrenta uma situação de insegurança alimentar e tornou-se um importador líquido de alimentos não só por causa da guerra como também das receitas do Banco Mundial e do FMI. Com o objetivo de promover uma economia com base no mercado, essas instituições impuseram políticas que reduziram os programas agrícolas estatais e os investimentos em agricultura.
POVOS EM AÇÃO
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30 Janeiro 2012No dia 21 de janeiro, no contexto da “Semana Verde” de Berlim, a organização Salva la Selva entregou ao Diretor da FAO mais de 27.000 assinaturas de apoio à iniciativa liderada por 613 cientistas e profissionais de diversas disciplinas que abordam o estudo da natureza no mundo todo, reclamando da FAO a modificação de sua definição de florestas.
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30 Janeiro 2012A Convenção de Diversidade biológica e os governos do Equador, Suécia, Noruega, Índia e Japão vão celebrar, de 6 a 9 de março deste ano, o “Seminário de Diálogo Global sobre o Aumento do Financiamento para Biodiversidade” na cidade de Quito, Equador. O propósito enunciado é chegar a acordos sobre “mecanismos e recursos financeiros” para a biodiversidade. A organização equatoriana Acción Ecológica faz um apelo para assinar uma carta aberta que será apresentada aos participantes do seminário, na qual se denuncia a intenção de transformar a biodiversidade em uma parte fundamental da chamada “economia verde”, que busca sua consolidação nos acordos da próxima Cimeira Rio+20.
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30 Janeiro 2012A construção de uma fábrica de pneumáticos da empresa francesa Michelin afetaria florestas, arrozais e lagos da região dos chamados “intocáveis”, no estado de Tamil Nadu, na zona sul da Índia. Cerca de 1500 famílias de intocáveis sem terras dependem da lavoura de hortaliças e da floresta para obterem ervas medicinais e frutos silvestres. Principalmente na estação seca, quando as reservas de arroz acabam, suas vidas dependem do que a natureza lhes oferece. Outras 13 comunidades vizinhas também dependem das florestas e da água. As greves de fome e manifestações contra a construção da fábrica obtiveram, como resposta, pancadas contra os manifestantes e em alguns casos prisão desde fevereiro de 2011.
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29 Janeiro 2012A polícia indonésia atacou uma manifestação pacífica em Porto SAPE no dia 24 de dezembro de 2011, matando três pessoas e ferindo pelo menos vinte e nove. Os manifestantes eram membros da Frente Popular anti-mineração (FRAT) e reclamavam contra o projeto de extração de ouro Bima, da australiana PT.Arc Exploration Ltd. O empreendimento irá acabar com as terras agrícolas e afetar os recursos hídricos com conseqüências prejudiciais sobre o ambiente e as vidas das comunidades locais que estão formadas principalmente por pescadores e agricultores.