Na região da Vale do Acará no estado do Pará, indígenas Tembé, Turiwara, comunidades quilombolas e camponesas lutam para retomar parte dos espaços de vida que tradicionalmente ocupam. Não é só uma luta por território, é uma luta para reverter uma história de opressão e injustiça. Hoje denunciam a violência estrutural e a omissão do Estado.
Artigos de boletim
A expansão da fronteira agrícola para o cultivo de soja ou dendê, assim como a mineração e a possível construção de mega-hidrelétricas, avançam sobre os espaços vitais das comunidades indígenas e camponesas. No final de 2018, os povos se organizaram em uma Coordenação para defender seus territórios e o direito a uma vida digna.
As comunidades indígenas da Bacia Amazônica Peruana criaram uma rede para defender seus direitos territoriais e de autodeterminação. Sua luta não é apenas contra o desmatamento, mas também contra projetos de conservação e de mercado de carbono, como os de REDD, que geram mais injustiças e conflitos internos.
A decisão do povo equatoriano de interromper a extração de petróleo no Parque Nacional Yasuní implica agora novos desafios: como recuperar um território sacrificado e fazer justiça nas áreas afetadas, com a solidariedade de todo o país.
Mocoa está localizada entre a cordilheira dos Andes e a Amazônia colombiana, no meio de uma das bacias hidrográficas mais importantes do país, território onde coexistem comunidades indígenas, afrodescendentes, agricultores e colonos. A crescente procura por minerais para “descarbonização” no mundo coloca a região em sério risco, à medida que as empresas mineiras tentam avançar com a extração do cobre que existe no solo.
O povo Ka’apor vive na região do Alto Turiaçu, no noroeste do estado do Maranhão, no Brasil. É o maior território indígena da Amazônia Oriental e a maior porção de floresta preservada daquela região. Empresas estrangeiras chegaram lá propondo projetos de REDD, causando conflitos e rejeição por parte da comunidade, que se organiza para resistir.
Nos últimos anos, uma das principais ameaças à Amazônia venezuelana e aos Povos Indígenas que a habitam é o garimpo, principalmente de ouro.
Quase 30 anos de negociações climáticas da ONU resultaram no estabelecimento de políticas e práticas que facilitam a expansão constante da economia baseada nos combustíveis fósseis (e seus lucros), ao mesmo tempo em que escondem os seus implacáveis impactos negativos sobre os territórios onde se expande.
O Presidente Jokowi chama o Parque Industrial de Kalimantan – Indonésia (KIPI, na sigla em inglês) de “a maior área industrial verde do mundo”, mas o KIPI não é nada disso. Ele demandará muito uso de combustíveis fósseis e apropriação de terras e água, ao mesmo tempo que ameaça milhares de pessoas nas comunidades costeiras com despejo forçado. (Disponível em indonésio)
Nos últimos dois anos, duplicaram-se as iniciativas de plantação de árvores destinadas aos mercados de carbono. Contudo, seja como grandes monoculturas, seja como projetos aparentemente bons para comunidades de base, as plantações de árvores para compensação de carbono não são uma solução para o caos climático nem benéficas para as comunidades rurais no Sul Global.
Projetos de compensação de carbono comprometem roças, o corte de árvores para subsistência, e outras práticas milenares praticadas por povos indígenas e comunidades tradicionais na Amazônia. Contratos promovidos por empresas minam as estratégias locais de cuidado e criatividade dos trabalhadores e trabalhadoras, subvalorizando ou mesmo negando-as por completo.
Uma compilação de artigos do Boletim do WRM expõe o papel prejudicial desempenhado pelas empresas e organizações envolvidas em esquemas de certificação. Depois de três décadas, está claro que a única “sustentabilidade” que garantem é a dos negócios das empresas certificadas e da própria indústria de certificação.