Artigos de boletim

Até a década de 50 os países eram apenas isso: países. Durante a presidência dos Estados Unidos de Harry Truman, os países foram classificados em “desenvolvidos” e “subdesenvolvidos”, dependendo de se estavam perto ou longe do modelo dos EUA. Desde a época o adjetivo negativo “subdesenvolvido” tem sido substituído pelo adjetivo mais positivo de “em desenvolvimento”. O fato de que a maioria dos países “em desenvolvimento” estão agora em pior situação social, econômica e ambiental do que estavam quando eram classificados como tais não é nem sequer assunto de muito debate.
O desenvolvimento pode proporcionar -- de fato, assim o faz-- grandes oportunidades para as corporações ávidas por beneficiar-se com os negócios nos chamados países em desenvolvimento. As Instituições Financeiras Internacionais (IFIs) têm provado que são extremamente bons instrumentos para atingirem isso, e extremamente ruins para melhorarem os meios de vida das populações dos países do Sul ou para protegerem o ambiente.
Fundado em 1966, o Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, sigla em inglês) afirma estar "dedicado a mitigar a pobreza na Ásia e no Pacífico". Os empréstimos do Banco ao setor florestal indicam que, na realidade, o foco do Banco consiste em promover a indústria e as corporações em vez de estar voltado às necessidades da população pobre da região.
Quando o Banco Mundial aprovou a quantia de US$ 270 milhões em subvenções e garantias para a controversial represa hidrelétrica Nam Theun 2 (NT2) de mil megawatts em Laos, no dia 31 de março deste ano, a maioria dos diretores estava convencido que os benefícios econômicos do projeto eram mais importantes que os aspectos adversos da questão social e ambiental.
Camisea é o maior projeto energético da história peruana. Este projeto envolve a extração de gás natural de uma área conhecida como Lote 88, localizado às margens do rio Camisea, uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. O custo da construção da totalidade do projeto será de 1,6 bilhões de dólares incluindo a exploração, o processamento do gás e a construção de dois gasodutos que passarão pela cordilheira dos Andes antes de chegar ao litoral para sua distribuição.
O Uruguai está sob a mira da indústria da celulose. A multinacional finlandesa Metsa Botnia e a espanhola Ence pretendem instalar duas fábricas para a produção de celulose de eucalipto (“ao sulfato”) branqueada com dióxido de cloro (processo ECF), com um volume máximo de produção de 1 milhão de toneladas anuais Botnia, e 500.000 toneladas Ence, para exportação. As fábricas seriam instaladas às margens do rio Uruguai, que é dividido com a Argentina, à altura da localidade de Fray Bentos.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) não tem uma política florestal específica ou estratégia do setor, já que alega que o assunto das florestas está incluído em outros documentos de política e estratégia, incluindo aqueles sobre redução da pobreza rural, fundos rurais, agricultura, recursos hídricos, recursos costeiros e energia. O atual rascunho da Política de Meio Ambiente e Observância de Salvaguardas também faz referência à proteção dos hábitats naturais.
As deliberações financeiras geralmente se realizam entre duvidosos atores em escuros cantos do âmbito político. Esse é sem dúvida o caso do Banco Europeu de Investimento, que apenas recentemente tem sido colocado no escrutínio público. Agora é o momento de revelar os escuros segredos do banco próprio da União Européia.
Em março passado- no Dia Internacional da Mulher- o WRM prestou homenagem às lutas das mulheres nas florestas e plantações. Naquela ocasião, dissemos que, apesar de todas as dificuldades, "as mulheres continuam resistindo tanto nas florestas quanto nas plantações de árvores. Elas estão falando enfaticamente dizendo ao mundo a respeito de seus conhecimentos, sua sabedoria, sua própria definição do que é o desenvolvimento e como deveria ser empreendido."
Cerca de 2.000 integrantes da Comunidade Ogiek em Enoosupukia, região do Distrito de Narok foram intimadas a deslocar-se da área com a advertência de que "toda pessoa encontrada dentro da área em custódia será desapossada/ apreendida". Com desacordos internos na turbulenta coalizão predominante no Quênia, o Ministério de Terras e Moradia, cancelou todos os contratos de propriedade outorgados na floresta Mau, visivelmente decidido a despejar mais de 100.000 pessoas que moram na floresta.
A ONG liberiana Save My Future Foundation (SAMFU) tem levado a cabo uma investigação sobre os 69 anos de operação da Firestone Rubber Plantation Company, e o resultado é o relatório “Firestone: The Mark of Slavery” (Firestone: A Marca da Escravidão) (vide o relatório completo em: http://www.samfu.org/firestone.html).
As plantações de monoculturas de árvores em grande escala foram estabelecidas mundialmente, extinguindo outros ecossistemas, alterando a distribuição da água, causando erosão do solo, criando pobreza. Dentro de um projeto da ONG sul- africana Geasphere para examiar tais impactos nos meios de vida e na cultura de populações rurais na Província de Mpumlanga, Godfrey Silaule transmite um quadro vivo de como as pessoas provindas da comunidade Graskop sofrem essa distorção: