Artigos de boletim

A luta das mulheres em todo o mundo é cotidiana. No entanto, o Dia Internacional da Mulher se constitui, desde o século XX, como um momento singular dessa luta. Mulheres de todos os continentes, sejam elas urbanas, camponesas, indígenas, negras, lésbicas, entre tantas outras, marcam essa data nas ruas, levantando suas bandeiras, que são inúmeras, contra as chamadas desigualdades de gênero, que ocorrem em âmbito local e global.
Camponeses e camponesas do Vale do Aguán, Honduras, sofrem uma violenta repressão depois de terem realizado ações organizadas para reaver suas terras, que lhes haviam sido entregues como parte de uma reforma agrária truncada no início da década de setenta.
O negócio se veste de verde A humanidade transita por velhas trilhas com roupagens novas. O atual modelo civilizatório, que se apresenta como hegemônico, mas que na realidade reflete os interesses de uma minoria, está levando o planeta a seus limites, o que se evidencia pelas múltiplas crises.
No ano em que irá acontecer a conferência Rio+20 sobre meio ambiente, o WRM pretende oferecer informações sobre as questões que prometem ter um lugar privilegiado na pauta desse evento mundial. Entre esses temas estão os ‘serviços ambientais´ e fenômenos relacionados, como o ‘pagamento e comércio em serviços ambientais’.
Para compreender o surgimento e elaboração da ideia de ´serviços ambientais´, é importante comentar, pelo menos, duas crises que apareceram fortemente na década de 1970 envolvendo os países industrializados do Norte, sobretudo os EUA e Europa: uma foi a crise ambiental e a outra, uma crise na economia capitalista.
Como estabelecer o preço dos ´serviços ambientais´? Como definir, por exemplo, quanto vale o ´armazenamento´ e a ´produção´ da água ou o ´trabalho´ de polinização realizada por insetos? Isso tem sido um grande obstáculo para aqueles que têm buscado promover os ´serviços ambientais´ e seu ´comércio´.
As empresas que promovem as plantações de monoculturas de árvores para celulose, carvão, madeira e outros fins, têm buscado mostrar, na onda de crescimento do ´PSA´, que suas plantações também prestam ´serviços ambientais´.
Mais recentemente, ouvimos falar muito mais em ´serviços ambientais´, sobretudo em relação às conversas preparatórias da ONU e dos governos sobre Rio+20, previsto para junho deste ano. Para entender isso, temos que falar um pouco sobre a ideia central que está sendo tratada nessa conferência: a ideia da ´economia verde´.
Os defensores da ideia do ´comércio em serviços ambientais´ dizem que ele é uma excelente alternativa para os povos da floresta porque a deixaria ´em pé´ e  a preservaria. Mas há uma série de argumentos para dizer não a ´serviços ambientais´ e ao ´comércio em serviços ambientais´:
O capital especulativo e seus atores interessados como bancos, consultores, grandes empresas, fundos de investimentos, outros atores aliados, como ONGs e muitas vezes nossos próprios governos, pretendem com o ´comércio em serviços ambientais´ se apropriar dos territórios dos povos para ´vender´ e lucrar. Com isso, a luta pelos direitos dos povos das florestas que delas dependem tende a se tornar mais complexo e difícil.
Como podia se prever, a conferência climática em Durban não tomou nenhuma decisão significativa em termos do combate à crise climática. Talvez, em 2020, seja assinado um novo acordo vinculante. 2020? De acordo com a rede de organizações e movimentos denominada Climate Justice Now, isso constitui um ‘crime contra a humanidade'. Parece como se os governos, os maiores responsáveis pela crise climática, tivessem abandonado a ideia de considerar as pessoas que se tornaram vítimas, as que estão afetados ou altamente ameaçados pela mudança climática, especialmente as mulheres.