Neste mês, em que é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, é urgente salientar os casos de duas comunidades de países aparentemente muito distantes, mas que têm muito em comum. Tanto em Honduras quanto na Índia, as comunidades levam anos de luta contra o novo colonialismo de poderosos grupos econômicos vinculados com a plantação de palma e a extração de ferro, respectivamente.
Artigos de boletim
Um novo relatório, publicado em novembro de 2011, mostra como a polícia local da Província de Jambi na ilha de Sumatra na Indonesia, em conjunto com o pessoal das empresas de palma sistematicamente despejam pessoas de seus assentamentos, disparando armas para assustá-los e depois usando maquinário pesado para destruir suas moradias e escavar pisos de concreto nos arroios próximos. As operações foram levadas adiante durante uma semana em meados de agosto e já desencadearam uma controvérsia internacional. Andiko, diretor executivo da ONG indonésia de direitos comunitários, HuMa disse:
Na Tailândia, as comunidades indígenas têm sido e continuam sendo ameaçadas de ser expulsadas de seus territórios tradicionais em decorrência da implementação da política REDD+ do país. Essa violação de direitos humanos é devida ao fato de as comunidades terem sido acusados de contribuir para a crise climática porque eles desmatariam, destruiriam os recursos naturais e causariam incêndios florestais- atividades que implicam emissões de carbono. Ao mesmo tempo, eles não são consultados quando esse tipo de análise e as políticas decorrentes estão sendo formuladas.
O que esperar da 17ª Conferência das Partes sobre o clima em Durban?
Os seres humanos têm utilizado a biomassa para produzir energia desde tempos imemoriais de forma sustentável. De outro lado, a industrialização está acabando com as reservas de combustíveis fósseis e essa é a causa da busca frenética de outras fontes de energia. As bioenergias se baseiam na produção de energia a partir de matéria viva, a biomassa.
A biomassa é matéria viva como árvores, arbustos, ervas, grãos, algas, micróbios e também resíduos vegetais.
A multinacional estatal sueca Vattenfall é o quinto produtor de energia na Europa. Sua filial Vattenfall Europe, sediada em Berlim é uma das quatro grandes empresas no mercado energético alemão. Nesse país, a produção energética da Vattenfall depende principalmente do carvão (65%) –com minas próprias de linhito no leste da Alemanha- e urânio (26%). Mas a empresa também aposta em fontes de energia supostamente limpas, como a madeira.
Um novo ciclo de expansão: plantações para carbono e biomassa
No ano passado eu estava em Bangkok para uma reunião sobre mercados do carbono no sueste da Ásia. Era irônico estar discutindo uma falsa solução para a mudança climática quando grandes áreas da Tailândia estavam alagadas e as inundações estavam ameaçando a capital. (Apesar de que não podemos dizer que essa inundação em particular foi causada pela mudança climática, podemos dizer que esse tipo de inundação vai tornar-se mais comum à medida que o planeta continue aquecendo-se.)
Na próxima semana terá lugar em Mali uma conferência internacional de agricultores com o objetivo de deter a apropriação de terras. Organizada por La Via Campesina, visa a abrir um espaço para ouvir e aprender dos agricultores locais principalmente dos países africanos a respeito de que eles dizem da apropriação de terras; de unir forças para resistir ao processo e de construir futuras estratégias.
O estado do Acre, na Amazônia brasileira, ficou conhecido no mundo inteiro no final dos anos 1980 pela luta por justiça social e ambiental de Chico Mendes. Nos últimos anos, o estado novamente ganhou destaque no Brasil e em âmbito internacional, porém de uma forma bastante diferente. Trata-se da propaganda em torno de um modelo ´verde´ de desenvolvimento, puxado por um ´governo da floresta´, baseado no chamado ´manejo sustentável´ da mesma e na venda de serviços ambientais. Conta-se hoje uma história positiva e ´verde´ do Acre.
As novas abstrações criadas pelo discurso da mudança climática na forma de REDD e REDD+ vieram aprofundar a mercantilização das florestas já que se gerou maior mobilidade e se fez possível o comércio através de países e continentes por meio de programas florestais e de mitigação do clima, afirma Kanchi Kohli e Manju Menon, da organização indiana Kalpavriksh, na recente publicação “Banking on Forests: Assets for a Climate Cure?” (Investindo em florestas: ativos para a cura do clima?)
Há milhares de anos que, em especial as mulheres, mas também os homens de diferentes povos em várias partes do mundo têm garantido a soberania alimentar, baseando-se na biodiversidade das regiões onde vivem. Com sabedoria, souberam distinguir e utilizar sementes, raízes, frutas, folhas, árvores, arbustos, plantas medicinais, animais, peixes e muito mais.
Mas o nosso mundo chamado de moderno conseguiu reduzir de forma drástica a riqueza da biodiversidade, introduzindo monoculturas em larga escala para a produção de alimentos e produtos como madeira.