Artigos de boletim

A infraestrutura de energia renovável em escala industrial ressurgiu na agenda da “transição energética” e como parte dos planos de recuperação contra a pandemia. Aprodução do chamado “hidrogênio verde” a partir desses projetos acrescenta outra camada de injustiças.
Nos modelos dominantes de produção e consumo de energia, a centralização da matriz energética e a concentração do poder decisório permanecem, e com todas suas marcas de desigualdades, do patriarcado e do racismo ambiental, mesmo quando mude a a fonte de energia.
A chamada “economia digital” costuma ser promovida como se tivesse um impacto relativamente baixo sobre o meio ambiente e muito pouca necessidade de recursos materiais. Mas o que (e quem) está sendo ocultado por essas imagens de uma economia quase etérea e mais limpa?
Os esquemas de certificação que buscam legitimar atividades prejudiciais ao meio ambiente e suas populações com termos como “sustentável” são uma tática de sobrevivência do capitalismo.
É imperativo entender o conceito das “soluções baseadas na natureza” e chamá-lo pelo que ele é: “espoliações baseadas na natureza”, denunciando a ameaça real que ele representa para territórios, populações da floresta e o clima.
Embora o conceito de “Soluções Baseadas na Natureza” tenha sido aproveitado avidamente por indústrias poluentes, instituições financeiras e governos, suas origens estão em outro lugar
A expressão “soluções baseadas na natureza”, no contexto dos projetos excludentes e predatórios que se agrupam por trás dela, revela algo fundamental.
Fazendo uso da “interseccionalidade” para sua reflexão, a autora destaca que é essencial entender como várias situações de opressão recaem sobre o mesmo sujeito. Principalmente quando se trata de mulheres em territórios de exploração capitalista.
Os poluidores estão fazendo promessas de ‘emissão líquida zero’ para satisfazer os agentes financeiros que investem neles. As chamadas ‘soluções baseadas na natureza’ estão no centro dessas promessas – um novo nome para as compensações. A ameaça é uma imensa apropriação de terra.
As empresas de petróleo, carvão mineral e gás destruíram e poluíram grandes áreas de floresta, e continuam devastando com a extração de combustíveis fósseis. Agora, estão colocando a proteção florestal e o plantio de árvores no centro de suas estratégias climáticas
O sector do mineração busca se legitimar e expandir as suas fronteiras de acumulação e de controle territorial a partir do discurso da sustentabilidade, com investimentos em as chamadas ‘Soluções Baseadas na Natureza’ para compensar a extração continuada.
Este texto compartilha reflexões que nasceram de nossas conversas com as mulheres impactadas por projetos de Economia Verde no Brasil. Para entender as formas de luta travadas por estas mulheres, é preciso reconhecer seus conhecimentos e formas de se relacionar com a natureza.