Na quarta-feira, dia 26 de novembro de 2003, foi assassinado com um tiro na cabeça o jornalista Germán Antonio Rivas, diretor-gerente da Corporação Maya Televisión da cidade de Santa Rosa de Copán, na região ocidental de Honduras, na fronteira com a Guatemala. Rivas era diretor do noticiário "CMV-Noticias", que se caracteriza por seu conteúdo crítico perante a instalação de uma empresa mineira no Parque Nacional “El Guisayote de Ocotepeque”, no departamento do mesmo nome.
Artigos de boletim
Em 4 de dezembro, milhares de pessoas de cidades e paragens das províncias do Chubut e Rio Negro voltaram a marchar, junto com os habitantes de Esquel, para dizer NÃO à Mina. Essa reafirmação popular acontece em meio a mais uma investida mineradora, já que o pessoal das corporações está rondando as cercanias de Cholila (no Chubut, a poucos quilômetros do Parque Nacional Los Alerces). Caso a atividade mineradora continue, ficarão comprometidas várias bacias lacustres e a floresta andina patagônia.
A empresa florestal Plantar, sediada no estado de Minas Gerais, possui grandes plantações de eucalipto na região, estabelecidas à custa da expulsão da população local. Também foram instaladas a expensas da floresta típica da região (o cerrado), cujas árvores viraram carvão para a indústria siderúrgica, substituindo-as por eucalipto plantado com o mesmo objetivo.
No dia 12 de novembro último, os grupos florestais Matte (Empresas CMPC) e Angelini (Arauco) e um conjunto de organizações ambientalistas chilenas e estadunidenses celebraram um acordo (veja: http://www.wrm.org.uy/paises/Chile/articulo2.html ) pelo qual as empresas se comprometem a conservar as áreas de floresta nativa existentes em suas propriedades – 2,8% da superfície do país com florestas nativas – e a não substitui-las por plantações.
Em 1998, o escritor Joe Broderick concluiu uma pesquisa sobre a empresa Smurfit Cartón de Colombia, publicando seu livro “O império do papelão: impacto de uma multinacional do papel na Colômbia”. Nele são documentados em detalhe os graves impactos sociais e ambientais resultantes das atividades da filial da transnacional irlandesa Jefferson Smurfit nesse país.
A Conferência das Partes do Convênio Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática se reunirá em Milão, Itália, de 1º até 12 de dezembro. Lamentavelmente, as expectativas de que da reunião surjam propostas positivas são extremamente baixas, já que o processo no conjunto tem passado a centrar-se mais no comércio de emissões de carbono do que na questão da mudança climática. A menos que a pressão do público obrigue os delegados governamentais a virar o rumo na direção correta, a reunião se focalizará principalmente na busca de fórmulas para fazer dinheiro .
O clima do nosso planeta é um complexo sistema resultante da interação de cinco fatores: a atmosfera, os oceanos, as regiões com gelo e neve (criosfera), os organismos vivos (biosfera) e os solos, sedimentos e rochas (geosfera), todos eles, por sua vez, em estreita ligação com o sol.
Somente nesses termos é possível compreender os fluxos e ciclos de energia e matéria da atmosfera, imprescindível para investigar as causas e os efeitos da mudança climática. Mas a esses fatores deve ser juntado também um outro: o fator antropogênico, resultante da atividade humana.
Para a maioria das pessoas, o assunto da mudança climática parece ser uma questão complicada demais, cuja solução depende exclusivamente de técnicos e governos. No entanto, há muitos setores da sociedade civil organizada que estão fazendo contribuições positivas para abordar o problema, muitas vezes enfrentados com os próprios governos que se comprometeram a resolver o problema.
Os povoadores da floresta
O projeto Plantar do Fundo Protótipo de Carbono (PCF, por sua sigla em inglês) do Banco Mundial foi muito criticado por organizações não governamentais e movimentos da sociedade civil desde que surgiu como a primeira plantação industrial de eucalipto que reclamava créditos para escoadouro de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. O projeto Plantar abrange 23.100 hectares de monocultivos de eucalipto para a produção de carvão vegetal, o qual por sua vez será utilizado na produção de ferro em lingotes.
É muito provável que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, não sirva para abordar a problemática da mudança climática. Porém, quiçá para alguns seja um bom negócio.
O Banco Asiático de Desenvolvimento (Asiatic Development Bank-ADB) tem grandes planos para estabelecer plantações na República do Laos. O Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais obteve um relatório que se filtrou de uma missão recente do ADB na República do Laos, no que se descreve a forma em que o Banco pretende atrair às companhias internacionais produtoras de celulose e papel para que invistam na República do Laos.
No decurso deste ano, vários funcionários do governo de Uganda receberam importantes concessões de terras para realizar atividades de florestamento e reflorestamento nelas, no marco do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto (vide Boletim 74 do WRM).