Artigos de boletim

No Brasil há dois modelos em pugna: o das grandes monoculturas (desde eucaliptos até cana de açúcar, passando pela soja e o arroz), em terras concentradas em umas poucas grandes empresas e o das comunidades de camponeses, indígenas e sem terra, que constroem espaços produtivos coletivos e diversos e exigem a historicamente prometida reforma agrária.
No município do Puerto Wilches, dentro da Zona Central definida pelo “Plano Agrícola para a Implementação do Programa de Biodiesel”, é desenvolvida uma grande parte da agricultura de Santander, onde, conforme o documento do plano mencionado, os dendezeiros abrangem cerca de 21 mil hectares semeados, que correspondem a 91,7% da produção do departamento.
A empresa Palmeras del Ecuador estabeleceu-se na Amazônia equatoriana, na Província de Sucumbios, Cantão Shushufindi, no final da década de 70. O então Instituto da Reforma Agrária e Colonização (IERAC) concedeu à empresa uma extensão territorial de 10.000 hectares considerados “terras baldias”, ignorando deliberadamente que eram terras ancestrais de povos e nações indígenas Siona e Secoya, e quase provocando seu extermínio com a ocupação dos territórios.
O comércio e as compensações de carbono desviam a atenção das mudanças sistêmicas mais abrangentes e das ações políticas coletivas que devem ser adotadas na transição para uma economia de baixo carbono (LCE). A promoção de formas de abordar a mudança climática mais efetivas e empodeiradoras implica deixar de lado o reducionismo tacanho do dogma do livre mercado, a falsa economia das supostas recoperações rápidas, os próprios interesses no curto prazo dos grandes negócios.
Os pesticidas impactam negativamente na saúde e na vida de milhões de usuários de pesticidas agrícolas, em suas comunidades e nos consumidores do mundo todo- e também causam graves danos na biodiversidade e o meio ambiente. Os pesticidas usados nas plantações de dendezeiros têm impactos adversos na saúde humana e no ambiente. Os trabalhadores agrícolas das plantações de dendezeiros estão muito expostos aos pesticidas e sofrem uma gama de efeitos perigosos, agudos e crônicos em sua saúde, apesar de muitos ignorarem as causas.
Neste mundo crescentemente privatizado, falar em água é quase sinônimo de falar de sua apropriação por alguma empresa para transformá-la em mercadoria e fonte de lucros. A seriedade dessa situação tem sido percebida por muitas pessoas e tem dado lugar a grandes lutas –às vezes pacíficas, às vezes violentas– para evitar sua passagem a mãos de empresas transnacionais. No entanto, a função das transnacionais vai além do negócio da água potável e se estende desde sua poluição até a destruição dos ecossistemas que garantem o funcionamento do ciclo da água.
A relação floresta-água já existia muito antes da chegada dos humanos a este planeta.  Em todo lugar onde cai água do céu com determinada regularidade, há uma floresta.  As florestas são para os cientistas um ecossistema que alberga grande diversidade biológica, tanto de espécies diferentes quanto de genes dentro de uma mesma. É um lugar dominado por árvores mas que também está formado por plantas de diferentes espécies, tamanhos, idades e formas de viver.
Na simbiose entre água e floresta a que faz referência o artigo anterior, é preciso considerar outro elemento em jogo, o clima. O clima é um fator determinante da floresta, de sua flora e de sua fauna. É pelo clima que uma floresta é boreal ou úmida tropical, e que, portanto, sua diversidade é de um tipo ou outro. Por sua vez, as florestas têm sido cruciais para o desenvolvimento do clima mundial por sua função de capturar dióxido de carbono e liberar oxigênio.
“Não se manifestava a face da terra. Somente estavam o mar em calma e o céu em toda sua extensão. Não havia nada junto que fizesse ruído, nem coisa alguma que se movesse, nem se agitasse, nem fizesse ruído no céu. Não havia nada de pé; só a água tranqüila, o mar aprazível, sozinho e tranqüilo... Só o Criador, o Formador, Tepeu, Gucumatz, os Progenitores estavam na água rodeados de claridade.” (Trechos do Popol Vuh, o livro sagrado dos maias que explica a origem do mundo)
Quando chegam as plantações em grande escala de monoculturas de árvores, a água vai embora. Isso afeta a comunidade circunvizinha toda, mas á efeitos especialmente diferençados para as mulheres. São elas as que o relatam com suas próprias palavras.
O Dia Internacional da Mulher está se aproximando e, como forma de homenagem às inúmeras mulheres que lutam por seus direitos, gostaríamos de compartilhar excertos de uma pesquisa realizada recentemente por duas mulheres no Brasil, que por um lado, contribui com uma visão conjunta da luta das mulheres contra as plantações no país e por outro fornece testemunhos de mulheres locais sobre como essas plantações têm impactado sobre suas vidas e meios de subsistência.
No artigo “PUEBLOS OCULTOS EN LA SELVA ¿Derecho a vivir la propia Amazonía?” (*) (Povos ocultos na floresta – direito a viver a própria Amazônia?) a escritora argentina Elina Malamud faz uma incursão, com grande sensibilidade, nas condições que têm levado a numerosos povos da floresta a um isolamento escolhido voluntariamente.