Artigos de boletim

Todos os “dias internacionais” referem a questões problemáticas de importância global que precisam ser abordadas pela sociedade em conjunto. A expansão das monoculturas de árvores tem resultado em tantos impactos sociais e ambientais que deu origem à idéia de estabelecer um Dia Internacional para colocar a questão no nível global. A data de 21 de setembro foi escolhida seguindo a iniciativa das redes locais no Brasil, que em 2004 decidiram estabelecer essa data- que é o Dia da Árvore nesse país- como um dia de lutas contra as monoculturas de árvores.
Falta de água, mudanças na flora e na fauna, perda de terras, violações dos direitos humanos, destruição da trama social; esses são alguns dos problemas que acarretam as monoculturas de árvores. Quem sabe bem disso são as comunidades locais, que sofrem na própria pele esta invasão; no entanto, suas denúncias e lutas são sistematicamente ocultadas pelo poder das empresas e seus aliados.
No sudoeste florestal de Camarões, próximo a Kribi, há duas plantações industriais enormes que cobrem no total uma superfície de 62.000 ha. Uma delas, a HEVECAM, é uma monocultura de héveas (seringueiras) pertencente ao grupo cingapurense GMG, e a outra, a SOCAPALM, é uma plantação de dendezeiros, propriedade do grupo francês Bolloré.
A Asia Pulp and Paper é provavelmente a companhia de papel mais controvertível no mundo. Ela tem destruído vastas áreas de floresta em Sumatra e substituiu centenas de milhares de hectares com plantações de monoculturas. Em dezembro de 2007, o Conselho de Manejo Florestal (FSC) anunciou sua “dissociação” da APP depois de que a companhia começou a utilizar o logotipo do FSC. O FSC emitiu uma declaração dizendo que tem “a obrigação de proteger a reputação e a integridade associada com nosso nome e logotipo para os consumidores e para nossos sócios e membros de confiança”.
Faz quase cinco anos que a empresa Aracruz ganhou o Selo Verde de qualidade para suas plantações aqui no extremo sul da Bahia. Normalmente é uma conquista muito importante para a Empresa, pois esta certificação significa entre outras coisas que a Empresa trabalha socialmente justo e ecologicamente respeitando todas as leis ambientais, tanto as leis municipais, estaduais como também as leis federais. Para a exportação um selo assim é fundamental para a empresa pois ela ganha grande prestígio no exterior.
Em 1925, a Firestone Tire & Rubber Company assinou um contrato por 99 anos com o governo para arrendar um milhão de acres [aproximadamente 405.000 hectares] de terras para estabelecer uma plantação de borracha. A área total da concessão da Firestone representa 4% do território da Libéria e quase 10% de suas terras agricultáveis.
A monocultura é contra a natureza, que é diversa. É por isso que um sistema não natural como o das plantações industriais de monoculturas de árvores desencadeia vários impactos negativos. Um deles é o incêndio.
No Nordeste do Camboja, diferentes grupos indígenas têm vivido durante séculos, preservando um ecossistema de florestas imenso e extremamente diverso, mantido intato até as recentes décadas, quando começou a explotação massiva das florestas. As práticas agrícolas indígenas, como em outras áreas cobertas por florestas no mundo, têm contribuído para manter a biodiversidade e estão entre as mais sustentáveis conhecidas até agora.
A Indonésia é a segunda maior produtora de azeite de dendê do mundo; junto com a Malásia, são responsáveis de aproximadamente 80 por cento da produção global de azeite de dendê. Com aproximadamente 6 milhões de hectares de terra plantados com dendezeiros, a Indonésia planeja uma importante expansão que prevê cobrir até 20 milhões de hectares para o ano de 2020.
Na Malásia, a expansão do óleo de dendê ocorre de forma paralela com o desmatamento- apesar de os representantes do governo afirmarem o contrário. Um comunicado de imprensa emitido por Sahabat Alam Malaysia [SAM] - Amigos da Terra Malásia, no dia 6 de agosto de 2008, revela que cerca de 2,8 milhões de hectares de terras com grandes extensões de florestas em Sarawak foram entregues a concessões de plantações, principalmente de dendezeiros e de árvores de crescimento rápido para celulose.
A rodovia que une Trang e Krabi no Sul da Tailândia é um exemplo do que os economistas chamam de desenvolvimento. O que costumava ser uma floresta tropical exuberante tem sido transformado em inumeráveis fileiras de dendezeiros ou seringueiras. A monotonia é alterada às vezes por umas poucas casas e lojas cercadas por um mar de monoculturas de árvores. No final da rodovia, as granjas camaroneiras ocupam o lugar das florestas de mangues e somente uma fina fileira de mangues que rodeia o rio foi dispensada da destruição.
A Patagônia concentra só 4% das plantações florestais da Argentina. O escasso desenvolvimento do setor na região é considerado pelas autoridades e empresários como um amplo campo de oportunidades: 4 milhões de hectares para florestar distribuídos nas províncias de Neuquén, Río Negro e Chubut.