Em junho, o Banco Mundial co-organizou a Carbon Expo, em Colônia, Alemanha. A feira exibiu projetos que procuram compradores corporativos e governamentais de países industrializados para os créditos de redução de emissões de gás de efeito estufa que esse projetos alegam produzir.
Artigos de boletim
A brancura de uma folha de papel encobre escuras histórias de degradação ambiental e desapossamento social. No entanto, essas histórias são raramente conhecidas pelos consumidores que moram longe dos locais onde a matéria-prima –a madeira- é obtida e onde a celulose e o papel são produzidos. Portanto é importante conhecer –e contar- a história.
Há muito tempo, a necessidade de nossos primeiros antepassados de transmitir palavras e imagens foi plasmada em paredes de pedra, tábuas de argila, tábuas recobertas de cera, peles de animais e outros meios. Depois, aproximadamente 3000 anos AC, os egípcios começaram a escrever em papiros. Os hastes do papiro eram laminados em tiras (como as lascas de bambu na China).
As fábricas de celulose se dedicam ao processamento da madeira para a obtenção da principal matéria-prima para a produção de papel: a polpa ou pasta. Trata-se geralmente de grandes fábricas localizadas nas mesmas áreas onde a madeira é colhida, isto é, perto de florestas ou plantações de monoculturas de árvores, onde se facilite o transporte de troncos, abaratando desse jeito as despesas com o transporte.
O desapossamento, o desmatamento e a poluição causados pela indústria da celulose e do papel estão relacionados a uma dinâmica de crescimento, concentração e intensificação do capital que tem caracterizado a indústria desde a Revolução Industrial. Crucial para esta dinâmica são as tentativas da indústria e seus aliados para remodenizar a infra-estrutura tanto política quanto física, captando subsídios, gestionando demandas, centralizando o poder, e evadindo, digerindo e regulamentando a resistência.
Em se tratando de produção em grande escala das plantas de celulose, é necessário que elas simplifiquem, sob uma autoridade central, não apenas paisagens, diversidade biológica e diversidade genética, como também sistemas políticos. É que o tamanho das plantas e a paisagem que reorganizam ao redor delas implica que, para sobreviver, elas precisam, a todo momento, captar subsídios, estimular demandas - e acima de tudo, controlar a resistência tanto das pessoas quanto da paisagem.
Ashis Nandy, o psicólogo hindu e crítico social definiu o progresso como o “Crescimento na conscientização da opressão".
O que ele queria dizer, é que temos a sorte de que devido ao auge dos movimentos feministas hoje somos mais conscientes do que antigamente da forma em que as mulheres tem sido explotadas, de que devido às lutas anti-racistas, sabemos mais sobre muitas formas de opressão, que devido às longas horas que os eruditos radicais passam em suas bibliotecas, entendemos melhor a exploração econômica.
O cenário atual, no que a maioria dos países transformaram-se em simples mercados para um grupo crescentemente reduzido de poderosas empresas que os dividem entre elas e mantêm uma rede de vinculações comerciais –para os que desejam cada vez mais “via libre”- fabricou-se também com a linguagem e a introdução de conceitos que são impostos como verdades.
Fabricar papel branco e limpo a partir de árvores é um negócio sujo. Para fabricar celulose kraft branqueada as árvores são transformados em cavacos que, posteriormente, passam por um processo de cozimento sob pressão, lavagem e branqueamento. No processo de cozimento, são usados produtos químicos tóxicos para remover a lignina, uma substância similar à cola que mantém ligadas as células da madeira e faz as árvores serem fortes. Por ser a lignina a causadora do amarelamento do papel, qualquer lignina remanescente deve ser branqueada.
Os Twa foram os primeiros habitantes das florestas equatoriais da região dos Grandes Lagos. Originalmente foram habitantes das florestas de altura, que moravam nas montanhas da área da falha de Albertine na África Central, e se especializaram na caça e na colheita. Atualmente, os Twa da região dos Grandes Lagos da África Central moram em Burundi, República Democrática do Congo (DRC), Ruanda e Uganda do sudoeste.
Desde 1990, companhias madeireiras, grupos rebeldes, redes criminais, diferentes governos interinos e o regime do antigo presidente Charles Taylor têm conspirado para despojar a Libéria de seus recursos naturais. Durante esse período, o setor madeireiro presenciou uma pletora de atividades e práticas ilegais. As companhias madeireiras operaram em territórios dominados por rebeldes, sem qualquer forma de regulação pela Autoridade de Desenvolvimento Florestal; nenhum dos lucros gerados durante esse período beneficiaram o povo liberiano.
Quando no início deste ano o Secretario de Estado, Colin Powell apresentou o relatório de 2003 do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre direitos humanos no mundo, obviamente esperou que o escândalo da tortura sistemática de prisioneiros iraquianos pelas forças dos Estados Unidos nunca seria dado à luz. “O presidente Bush considera a defesa e a promoção dos direitos humanos como uma missão especial dos Estados Unidos”, disse Powell.